Postagens

Mostrando postagens de 2017

Cartas para Duda (III)

Duda, Tio Osvaldo era um homem comedido. Enquanto outros falavam em "milhões de motivos para desistir" ou "milhares de anos de espera", ele dizia já ter tentado "umas setecentas vezes". Mal chegava na casa de milhar. Sempre respeitei essa humildade hiperbólica. Pena que não pôde conhecê-lo. Beijos numerosos, Sempre seu.

Cartas para Duda (II)

Duda, O que aconteceu com os vaga-lumes? Sim, eles sempre foram meio raros, mas agora mais. Para a alegria e encanto de minha infância, encontrei-os em três ou quatro ocasiões. E então, minha mente e meu coração voaram com eles pela noite escura, levando um pouco de luz ao mundo. Hoje não vejo mais essas caronas mágicas. As noites carecem de vaga-lumes, os homens carecem de infância e eu careço de você. Espero que esteja bem. Beijos iluminados, Sempre seu.

Distantes de tudo

"Temos nosso próprio tempo." Renato Russo - Vamos ver o céu lá fora - convidou, entusiasmado. A noite sabia ser charmosa. Talvez pelo silêncio dos idiotas ou a ambiguidade da escuridão. E trazia aquelas poucas estrelas, porém suficientes. Também a Lua parcialmente oculta e muitas nuvens espessas, que significavam mistério ou uma promessa. Lá dentro, as pessoas se acabavam. Como todos nós já nos acabamos alguma vez. Física ou mentalmente. E falavam outro idioma, áspero e hostil. Mas não interessava. Não quando o mundo estava lá fora, calmo e noturno. Olhou para o céu, como havia proposto. E admirou todas as constelações que ainda não conhecia. E que guiaram a Humanidade para que chegássemos aqui e agora. Depois se voltou para aquele par de olhos ingênuos e castanhos. E então pensou no céu. E nos olhos. E se sentiu repleto de algo importante. Ar, vida ou poesia. Imprecisão. Como retribuir a imensidão e sublimidade de estar ali? E dizer que ama demais, mais que tu