Vão
Desci as escadas correndo, deixando para trás alguns medos e poucos sorrisos. Mas antes que chegasse, as portas do vagão se fecharam. Um pouco dramático, o vagão partiu sem hesitar. Deixou um vazio entre tantas pessoas solitárias. Um vão, um vale, como um rio, bastante geográfico. E em cada margem, erguiam-se pessoas exaustas, como árvores. A floresta era densa e não havia espaços vazios além do vão. E onde estava o próximo vagão? O vazio continuava a preencher a visão. Foi quando meu olhar recaiu sobre além do vale. E não só vi a outra margem, como prestei atenção. Do outro lado do vão deixado pelo vagão, entre tantas pessoas solitárias, uma delas em específica me chamou a atenção. Os cabelos encaracolados, castanhos e rebeldes. O olhar perdido, longe do celular. Uma ovelha desgarrada entre tantas ovelhas conduzidas pelos pastores digitais. E com os cabelos encaracolados – como uma ovelha – seus olhos encontraram os meus. Olhei para o chão, foi o meu primeiro reflexo. E três e